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Profa. Me. Marília Alves dos Santos
Se a Medicina Veterinária é a ciência que cuida da saúde e bem estar dos animais e a Psicologia é a ciência que cuida da saúde mental e bem estar dos seres humanos, você já se perguntou se é possível estabelecer uma relação entre essas duas áreas? Neste artigo mostraremos brevemente como a Psicologia pode contribuir para a atuação na Clínica Veterinária em se tratando da temática do manejo do luto pelo Médico Veterinário.
Para início de conversa, é importante compreender que o luto é um estado de perda e/ou rompimento de um elo e/ou uma relação significativa com algo ou alguém. Nesse sentido, o luto não ocorre somente diante da morte de uma pessoa querida, mas também diante de términos de relacionamentos, desligamentos de um cargo ocupado e também outras perdas simbólicas que constituem rompimento de elos significativos para uma pessoa. Uma vez que a Clínica Veterinária lida com a perda de animais com os quais seus tutores mantêm uma relação forte e significativamente afetiva, o luto também se faz presente nesse contexto. Afinal, como diria Graciliano Ramos em “Vidas Secas” sobre a importância da cachorra Baleia, “era como uma pessoa da família”, tal como ocorre com muitos de nós.
Neste cenário, o Médico Veterinário está preparado para lidar e manejar os afetos mobilizados e expressados diante do anúncio da morte de um animal querido para seu tutor? É nesse ponto que a Psicologia apresenta sua maior contribuição. Dentre as contribuições da Psicologia para o manejo do luto na clínica veterinária, podemos citar algumas principais: a superação da ideia do luto do tutor (e do próprio Médico Veterinário) como um tabu, rompendo com a visão do luto como sendo uma temática que não pode ser aberta e francamente conversada; e a contribuição para o estabelecimento de uma comunicação respeitosa e empática entre Médico Veterinário e tutores, prezando por uma relação de tolerância, compreensão e paciência, compreendendo que a tristeza (e, por vezes, até mesmo raiva) do tutor diante da notícia do falecimento de seu animal é apenas uma “válvula de escape” para o processamento das emoções.
Além disso, a Psicologia pode ainda trazer contribuições a médio e longo prazo na Clínica Veterinária, auxiliando no fortalecimento e trabalho grupal da equipe clínica e até mesmo no preparo de estratégias para vivenciar o luto de modo saudável, respeitoso e afetivo, como através da elaboração de um memorial dos pacientes falecidos na clínica e do desenvolvimento e condução de grupos para tutores e Médicos Veterinários enlutados.
Por fim mas não menos importante, a Psicologia ainda possibilita um olhar de cuidado do Médico Veterinário para si mesmo. Ao lidar com o atendimento de muitos animais e diante de repetidas ocasiões de luto, este profissional pode vivenciar a sensação de tristeza diante de um caso em que muito trabalhou e fez todo o possível, mas mesmo assim a morte ocorreu. Nesses casos, a Psicologia vem a contribuir para que o Médico Veterinário possa melhor aceitar o seu próprio luto, elaborando de forma saudável suas perdas e frustrações.
Caso tenha gostado dessa temática e se interesse por estudar mais o manejo do luto na Clínica Veterinária, sugerimos a leitura de:
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