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Postado em 24/05/2021

A INFÂNCIA EM FOCO - INTRODUÇÃO DE UMA ANÁLISE HISTÓRICA

A INFÂNCIA EM FOCO: INTRODUÇÃO DE UMA ANÁLISE HISTÓRICA

 

Profa. Me. Luciana Aparecida Lima-  Psicóloga, professora e coordenadora do curso de Psicologia – FAEF – Garça – SP – psicologia@faef.br

 

 

“Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. Temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Boaventura de Souza Santos (2003, p.56).

 

Ordem e Progresso: Uma análise sociológica sobre gênero e infância na obra  de Gilberto Freyre

                Fonte: Google imagens

 

 

Todo mundo teve infância, mas nem todas as infâncias foram iguais. Para alguns, o nascimento foi revelado à festa e completude da linhagem, para outros, ele se deu em meio a violências, traduzidas por abandonos, negligências e maus-tratos. Tudo depende de quando e onde você nasce.

O conceito de infância da forma que é compreendido atualmente, nem sempre foi assim. Entendemos como criança, uma pessoa pequena, inocente, que ainda não tem plenas habilidades, não consegue fazer tudo o que um adulto realiza, mesmo tendo sua história e estabelecendo relações. Esse conceito de infância foi construído por séculos:  até a idade média, século XV, não havia um conceito que abarcasse esse período de vida e as crianças eram caracterizadas como mini adultos que apresentavam comportamentos de infantilidade. Com essa compreensão, as crianças eram inseridas no cotidiano dos adultos, ao trabalho.

            Gradualmente, o conceito de infância foi se modificando, tanto para as famílias quanto aos próprios infantes, de acordo com o gênero, a raça, a situação socioeconômica, cultural, social e política, de tal forma que, posteriormente, eles passariam a ser preparados para enfrentar as adversidades do mundo (da vida?).

De acordo com Ariès (1986) a partir do século XVI, até meados do século XVIII, que as crianças ricas passaram a ser inseridas nas escolas, enquanto a maioria das crianças pobres era encaminhada para o trabalho, juntamente com os pais. As escolas preparavam as crianças para serem adultos já que, além de ensiná-las a ler e a escrever, elas eram também educadas e corrigidas em seus comportamentos para a vida em sociedade. Mas por não entender as diferenças e as semelhanças entre as crianças, nem a originalidade de seu pensamento, elas não eram marcadas por suas singularidades e foi a partir do século XIX, sob influência dos conhecimentos científicos, que se começou a entender que as crianças têm características próprias e considerou-se a infância uma fase importante do desenvolvimento humano. Surgem, então, diversas teorias para explicar o desenvolvimento infantil e os processos de aprendizagem. De acordo com TULESKI e EDIT (2016, p. 35) “[...] a psicologia, ciência que se volta ao estudo do psiquismo e da conduta humana por meio de diversas abordagens teóricas, procurou traçar momentos, fases ou etapas do desenvolvimento humano desde o nascimento até a idade adulta, o que chamamos de periodização”.

            Os estudos científicos passaram a descrever o desenvolvimento infantil e a respeitá-lo, enquanto fase do desenvolvimento humano que reflete, em seus limites e potencialidades, na fase adulta, em vias de gerar indivíduos mais saudáveis e que tivessem um tempo, relativamente, maior de vida. A esses indivíduos deveria ser garantido o bem-estar social e, para isso, o período definido como infância precisaria ser assegurado por direitos direcionados a todas as crianças, independente da classe econômica em que elas estivessem inseridas.

A infância é uma categoria historicamente permeada pela violência e pela exclusão social. Com o machismo impregnado na sociedade desde a antiguidade, as meninas vêm sendo tratadas de formas diferentes dos meninos ao longo dos séculos; e as crianças e adolescentes pobres seguem excluídos, negligenciados e têm retirados seus direitos, de formas explícitas e implícitas na sociedade. A literatura e as pesquisas, ao longo dos anos apontam os determinantes da desigualdade econômica e social no contexto brasileiro.

As transformações relacionadas à infância e à juventude que ocorreram no Brasil, ao longo dos séculos XVI e XXI, indicam a (co)existência de diferentes concepções de infância nesse período e, o seu estudo, permite compreender de que forma elas são atravessadas e se constituem por questões políticas, econômicas, étnico-raciais, sociais e culturais.

O educador Franco Frabboni (1998) aponta que a infância foi compreendida de formas distintas nos períodos da Idade Média, Moderna e Contemporânea. Na Idade Média, até o século XV, por serem vistas como adultos em miniatura, as crianças eram misturadas aos adultos assim que fossem capazes de dispensar a ajuda das mães ou das amas. Não se nutria sentimento em relação à infância e, por essa época, aparece o que ARIÈS (1986, p. 10) nomeou de “paparicação” – definido como um termo “[...] reservado à criancinha em seus primeiros anos de vida, enquanto ela ainda era uma coisinha engraçadinha. As pessoas se divertiam com a criança pequena como um animalzinho, um macaquinho impudico [...]” –, enquanto forma de diversão voltada às crianças, ao lado de um índice elevado de mortalidade infantil.

Há autores que divergem sobre a construção social da infância, em sua cronologia desde os tempos medievais até a contemporaneidade, perpassando a escola e o trabalho infantil. O historiador Colin Heywood (2004, p. 13) define “a fascinação pelos anos de infância” como “um fenômeno relativamente recente”, que pode ser desvelado por meio do processo sócio-histórico.

Na idade Moderna, do século XVI até meados do século XVII, surgiu a concepção de criança-filho-aluno ou da infância industrializada: os pais passaram a ter maior cuidado com as crianças, por meio da educação escolar (curricular e formal); as famílias deixaram de ver as crianças como miniadultos, aumentando a afetividade entre os membros familiares; houve o reconhecimento de que a criança fazia parte da continuidade familiar, ao mesmo tempo em que se deu o aumento dos enclausuramentos e da disciplinarização.

Até o século XV, segundo Ariès (1986), a arte desconhecia a infância, de forma que não se representavam as crianças mais novas nas pinturas da sociedade medieval e, quando essas figuras apareciam, tinham formas semelhantes às dos adultos, muitas vezes de mãos dadas com representações da morte, em alusão à alta mortalidade infantil. Se conseguissem chegar aos sete anos, elas eram introduzidas ao mundo adulto sem nenhum preparo para que, junto aos mais velhos, aprendessem as profissões que teriam quando crescessem. A escola, ainda reservada à formação dos clérigos, não tinha como função a instrução da criança.

Destaca-se que, nos séculos XV e XVI, a infância aparece por meio de uma iconografia leiga, ou seja, a imagem da criança passa a ser representada não mais restrita à reprodução religiosa, mas através de outras figuras, inclusive nos retratos e/ou nas imagens de famílias. Por fim, na Idade Contemporânea, emerge uma infância atrelada aos direitos, situando a criança como sujeito de direitos sociais (criança sujeito-social), que tem assegurada a sua vida e garantido o seu desenvolvimento integral e/ou pleno.

 Assim, as diferentes concepções da infância ao longo dos anos e/ou séculos apontam para um caminho representativo de um movimento, que tende a mostrar como vem se organizando, historicamente, o curso da institucionalização da infância no Brasil.

Segundo Aguiar (2017), no século XVII, algo parecido com a ideia atual de educação chegou ao país pelas mãos dos jesuítas, que levavam crianças indígenas para serem alfabetizadas e catequizadas, na tentativa de romper com saberes e/ou com a cultura dos povos aos quais pertenciam. Ainda assim, as crianças indígenas pareciam estar mais seguras com os jesuítas, que as doutrinavam, do que com os bandeirantes que as escravizavam. A liderança da aristocracia foi destruída pela democracia, pois, só com a democracia, a mentira de que todos os homens são iguais poderia existir, e, assim, os aristocratas seriam destruídos. A figura do aristocrata era tão forte, que os mais novos buscavam inspiração naqueles criados pela ficção – que eram retratados liderando e protegendo o homem comum e mostrando que a comunicação entre o aristocrata e o metafísico sempre existiu na humanidade.

As transformações gradativas, lentas e não raro contraditórias, que se fez chegar aos séculos XIX e XX ligadas à infância e à juventude, marcadas pelo modo de produção econômica, implicou em determinações da lógica dialética, ao nível da compreensão e da explicação dos fenômenos da realidade social.

Visando buscar uma leitura histórica da infância e da juventude brasileiras, notou-se, no decorrer dessa investigação, que a conquista de direitos sociais voltados às crianças e aos adolescentes é fato recente na história da sociedade brasileira, e o lugar ocupado pela família, no bojo dessas conquistas, também se deu por meio de significativas transformações no processo histórico de constituição do que, hoje, se concebe como família e como políticas públicas dirigidas à infância e à adolescência no Brasil. Desta forma, cabe destacar que as políticas sociais brasileiras, começaram a se expandir no século XX, porém sua condução deu-se de forma conservadora e tecnocrática, tendo em sua primazia o favorecimento a industrialização (VALOIS, 2009).

Dia da Infância: ser criança nem sempre é aproveitar e ter infância | O  Imparcial

             Fonte: Google imagens

 

 

Veja mais:

 

Ordem e Progresso: Uma análise sociológica sobre gênero e infância na obra de Gilberto Freyre. Disponível em:

https://thaysgoncalves38073.jusbrasil.com.br/artigos/689282162/ordem-e-progresso-uma-analise-sociologica-sobre-genero-e-infancia-na-obra-de-gilberto-freyre.

 

 

Dia da Infância: ser criança nem sempre é aproveitar e ter infância. Disponível em: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2020/08/dia-da-infancia-ser-crianca-nem-sempre-e-aproveitar-e-ter-infancia/.

 

 

 

Por Psicóloga Mestra Luciana Aparecida Lima
Docente e Coordenadora do curso de Psicologia

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